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Centros de custo: como segmentar despesas e melhorar a gestão

Implementar centros de custo na sua empresa é como trocar uma foto borrada das suas finanças por uma imagem em altíssima definição. Muitos gestores olham para o valor total de despesas no fim do mês e sentem uma pontada de frustração. 

O número é grande, mas ele não conta nenhuma história. Ele não diz onde o dinheiro foi realmente gasto, qual área é mais eficiente ou onde estão os verdadeiros ralos de recursos. É uma gestão baseada em um borrão, sem clareza para tomar boas decisões.

Essa falta de detalhe gera problemas sérios. Na hora de cortar gastos, você pode acabar tirando recursos de uma área que, na verdade, é altamente produtiva. Você não consegue responder perguntas simples como: “Quanto custa manter meu setor administrativo funcionando?” ou “O investimento em marketing para o produto X está valendo a pena?”. 

Sem respostas, qualquer decisão vira um tiro no escuro. Você trabalha duro para gerar receita, mas a falta de controle sobre as despesas impede que o lucro realmente apareça como deveria.

Mas é hora de ajustar o foco. Este artigo é o guia que vai te ajudar a usar a lente dos centros de custo para enxergar suas finanças com uma nitidez que você nunca teve. 

O que são centros de custo? 

De forma bem prática, centros de custo são como “gavetas” ou “etiquetas” que você cria dentro da sua empresa para agrupar despesas por setor, departamento, projeto ou qualquer outra unidade lógica. 

A principal característica de um centro de custo é que ele não gera receitas diretas, ele apenas acumula custos. O setor administrativo, por exemplo, não vende nada, mas tem custos como salários, aluguel e material de escritório. Ele é um centro de custo clássico.

O objetivo dessa segmentação é dar um “sobrenome” para cada despesa. Em vez de ter uma linha genérica de “salários”, você saberá exatamente quanto gastou com “salários do administrativo”, “salários do comercial” e “salários da produção”. 

Essa clareza é fundamental para um bom controle orçamentário, pois permite que você compare o que foi planejado com o que foi realmente gasto em cada área. Além disso, essa organização é a base para construir uma DRE gerencial poderosa, que mostra o resultado de cada unidade do seu negócio.

Como segmentar corretamente

Não existe uma fórmula mágica que sirva para todas as empresas. A forma como você vai criar seus centros de custo depende da sua estrutura e do que você quer analisar. No entanto, uma abordagem lógica é começar pelos grandes departamentos funcionais. 

Pense em como sua empresa se organiza hoje: você provavelmente tem uma área administrativa/financeira, uma área comercial/de vendas e uma área de operações/produção. Esses são ótimos pontos de partida.

O grande desafio aparece com as despesas compartilhadas. A conta de luz, o aluguel do escritório ou a assinatura de um software usado por todos não pertencem a um único setor. Para resolver isso, utilizamos o rateio de despesas. Trata-se de definir um critério justo para distribuir esses custos entre os diferentes centros. 

Por exemplo, o aluguel pode ser rateado pela metragem quadrada que cada departamento ocupa. A conta de telefone pode ser rateada pelo número de funcionários em cada setor. O importante é que o critério seja lógico e consistente.

Vendo os centros de custo em ação

Para que o conceito fique mais claro, vamos ver como diferentes empresas podem estruturar seus centros de custo. A chave é a simplicidade e a relevância para a gestão.

Para uma loja de roupas (Varejo):

  • Centro de Custo “Loja”: inclui despesas como aluguel do ponto, salários dos vendedores, comissões, contas de água e luz da loja, e material de vitrine.
  • Centro de Custo “Marketing”: agrupa os gastos com anúncios em redes sociais, impulsionamentos, e-mail marketing e eventos de lançamento.
  • Centro de Custo “Administrativo”: concentra os salários da equipe de gestão, taxas de contabilidade, sistemas de gestão e material de escritório.

Para uma empresa de software (SaaS):

  • Centro de Custo “Desenvolvimento/Produto”: aloca os salários dos desenvolvedores, custos com servidores e infraestrutura de nuvem (AWS, Azure), e licenças de software de programação.
  • Centro de Custo “Vendas & Marketing”: reúne as comissões da equipe de vendas, custos com ferramentas de CRM, e investimentos em marketing digital.
  • Centro de Custo “Sucesso do Cliente”: agrupa os salários da equipe de suporte e os custos com plataformas de atendimento e comunicação.

Erros comuns ao distribuir custos

A implementação de centros de custo é poderosa, mas alguns erros podem comprometer sua eficácia. O primeiro é a complexidade excessiva. Criar dezenas de centros de custo para uma pequena empresa pode tornar o processo de classificação das despesas tão trabalhoso que ninguém o fará corretamente. Comece simples e adicione complexidade apenas se necessário.

Outro erro comum é usar critérios de rateio injustos. Distribuir a conta de luz igualmente entre a produção (que usa máquinas pesadas) e o administrativo (que só usa computadores) distorce a realidade. Isso pode fazer um setor parecer menos eficiente do que realmente é. Pense bem nos critérios para que eles reflitam o consumo real de recursos. 

Por fim, a falta de comunicação com os líderes de cada área e a não revisão periódica da estrutura são falhas que podem fazer o sistema se tornar obsoleto e inútil com o tempo. Para quem deseja aprofundar nos princípios contábeis que regem a alocação de custos, os pronunciamentos do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), como o CPC 16 sobre estoques, oferecem uma base técnica robusta.

Leia também::: Controladoria estratégica para PMEs, como estruturar um setor de controle financeiro

Da gestão reativa ao controle estratégico

Adotar uma estrutura de centros de custo representa uma mudança fundamental na mentalidade de gestão. Você deixa de ser um observador reativo de um número total de despesas para se tornar um gestor proativo, que entende a origem e a finalidade de cada real que sai da empresa. É sobre dar um propósito e um endereço para cada gasto, permitindo um controle que antes parecia impossível.

Essa clareza nos números empodera toda a liderança da empresa. Um gerente de marketing que conhece o custo real de suas campanhas pode otimizar seus investimentos com muito mais inteligência. 

Um chefe de produção que monitora os custos do seu departamento pode identificar oportunidades de eficiência e redução de desperdício. Você cria uma cultura de responsabilidade financeira, onde todos se sentem donos dos seus respectivos orçamentos.

Entendemos que desenhar e implementar uma estrutura de centros de custo que realmente funcione para a sua realidade exige análise e planejamento estratégico. Se você quer ajuda para trazer essa clareza para as suas finanças, a equipe da Multise Finance está pronta para ser sua parceira. 

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