10 indicadores financeiros que toda empresa deve acompanhar
Você entraria em um avião sabendo que o piloto pretende voar de uma cidade a outra apenas “olhando pela janela”, sem consultar os instrumentos de altitude, velocidade e, principalmente, o medidor de combustível? Provavelmente não.
Gerenciar uma empresa sem acompanhar de perto seus indicadores financeiros é exatamente essa mesma imprudência. É uma tentativa de navegar em um ambiente complexo e arriscado contando apenas com a intuição.
Muitos gestores conhecem a sensação de pilotar “às cegas”. É a turbulência constante de custos inesperados que balançam o caixa. É o medo de, em pleno voo, perceber que o “combustível” (o dinheiro) está acabando antes de chegar ao destino.
É a incapacidade de traçar uma rota clara e segura para alcançar as metas estratégicas, resultando em um voo sem rumo, ao sabor dos ventos do mercado.
Antes de decolar: a diferença entre KPI e métrica
Antes de olharmos para os instrumentos, precisamos entender duas palavras que muitas vezes são usadas como sinônimos, mas não são: métrica e KPI.
- Métrica: é qualquer dado que pode ser quantificado no seu negócio. O número de notas fiscais emitidas, a quantidade de visitantes no seu site ou o total de horas extras são exemplos de métricas empresariais. Elas são todos os mostradores disponíveis no painel.
- KPI (Key Performance Indicator): em português, Indicador-Chave de Desempenho. Um KPI é uma métrica que foi escolhida por ser diretamente ligada a um objetivo estratégico. Se a sua meta é “reduzir o tempo de entrega”, o “tempo médio de separação de pedidos” se torna um KPI. Ele é o instrumento que o piloto olha constantemente para saber se está na rota certa e se vai chegar ao destino planejado.
Os 10 indicadores financeiros essenciais
Agora, vamos analisar um por um os 10 instrumentos que não podem faltar no seu cockpit financeiro, entendendo o que cada um sinaliza e como um bom piloto deve agir com base nessa informação.
1. Faturamento bruto
- O que mede? O volume total de vendas em um período, antes de qualquer dedução.
- Como calcular? Preço de Venda Unitário x Quantidade Vendida
- O que o piloto faz com essa informação? Ele entende sua “velocidade” aparente. É um ótimo indicador de tração de mercado e aceitação do produto, mas voar olhando apenas para ele é perigoso, pois não diz nada sobre lucratividade ou saúde do caixa.
2. Margem de contribuição
- O que mede? Quanto dinheiro sobra da venda de cada produto ou serviço após a dedução dos seus custos e despesas variáveis diretas.
- Como calcular? (Receita de Venda – Custos e Despesas Variáveis) / Receita de Venda
- O que o piloto faz com essa informação? Ele sabe exatamente quais produtos ou serviços mais contribuem para “pagar as contas fixas do avião”. É essencial para decisões de precificação e para focar os esforços de venda no que é mais rentável.
3. Lucratividade (margem líquida)
- O que mede? A eficiência final da empresa. Mostra qual percentual da receita total realmente se transformou em lucro líquido.
- Como calcular? (Lucro Líquido / Receita Líquida) x 100
- O que o piloto faz com essa informação? Ele sabe se a viagem está “se pagando”. É o indicador definitivo de performance. Uma empresa pode faturar milhões, mas se a margem líquida for baixa, o esforço é grande e o resultado, pequeno.
4. Ponto de equilíbrio
- O que mede? O faturamento mínimo necessário para a empresa cobrir todos os seus custos e despesas, sem dar lucro nem prejuízo.
- Como calcular? Custos e Despesas Fixas / Índice da Margem de Contribuição
- O que o piloto faz com essa informação? Ele conhece a “altitude mínima de segurança”. Voar abaixo desse nível significa que a empresa está consumindo caixa para se manter. Conhecer esse número é vital para definir metas de vendas realistas.
5. Liquidez corrente
- O que mede? A capacidade da empresa de pagar suas contas de curto prazo (que vencem nos próximos 12 meses). É o principal medidor do “fôlego” financeiro.
- Como calcular? Ativo Circulante / Passivo Circulante
- O que o piloto faz com essa informação? Ele checa o “nível de oxigênio da cabine”. Um resultado acima de 1 é um bom sinal. Abaixo de 1, acende-se uma luz de alerta, indicando que pode faltar dinheiro para honrar os compromissos.
6. Nível de endividamento
- O que mede? A proporção do patrimônio da empresa que vem de capital de terceiros (dívidas).
- Como calcular? (Passivo Total / Ativo Total) x 100
- O que o piloto faz com essa informação? Ele avalia o “peso” do avião. Um endividamento alto pode ser perigoso, pois exige uma grande geração de caixa apenas para pagar juros e amortizações, tornando o voo mais arriscado.
7. ROI (retorno sobre o investimento)
- O que mede? A capacidade de um investimento gerar retorno financeiro. Pode ser calculado para a empresa como um todo ou para projetos específicos.
- Como calcular? (Ganho Obtido – Custo do Investimento) / Custo do Investimento
- O que o piloto faz com essa informação? Ele decide se vale a pena investir em uma “turbina nova”. O ROI ajuda a escolher, entre várias opções, qual investimento tem o maior potencial de retorno, otimizando o uso do capital.
8. ROA (retorno sobre os ativos)
- O que mede? A eficiência da empresa em gerar lucro a partir de todos os seus ativos (máquinas, equipamentos, estoque, caixa, etc.).
- Como calcular? (Lucro Operacional / Ativo Total) x 100
- O que o piloto faz com essa informação? Ele sabe se está tirando o máximo de performance de toda a estrutura do avião. Um ROA baixo pode indicar que a empresa tem ativos ociosos ou pouco produtivos.
9. Ticket médio
- O que mede? O valor médio que cada cliente gasta em uma compra.
- Como calcular? Faturamento Total / Número de Vendas
- O que o piloto faz com essa informação? Ele entende a qualidade de suas vendas. Aumentar o ticket médio, através de estratégias de cross-sell e up-sell, é uma das formas mais rápidas de aumentar o faturamento sem precisar de mais clientes.
10. Ciclo financeiro
- O que mede? O tempo, em dias, entre o pagamento aos fornecedores e o recebimento do dinheiro dos clientes.
- Como calcular? Prazo Médio de Estocagem + Prazo Médio de Recebimento – Prazo Médio de Pagamento
- O que o piloto faz com essa informação? Ele sabe quanto tempo seu “combustível” (capital de giro) precisa durar. Um ciclo financeiro longo exige mais caixa para sustentar a operação. Reduzi-lo é uma meta estratégica.
Como aplicar estes KPIs Financeiros em PMEs
Saber o que são os KPIs é o primeiro passo. O segundo, e mais importante, é aplicá-los de forma inteligente na realidade de uma pequena ou média empresa, que geralmente possui recursos e tempo limitados. Aqui estão algumas dicas práticas para começar.
Comece com o essencial
Você não precisa monitorar todos os 10 indicadores desde o primeiro dia. Para uma pequena ou média empresa, comece com os 3 ou 4 “instrumentos principais” que dão a visão mais crítica: faturamento bruto, lucratividade (margem líquida), liquidez corrente e ponto de equilíbrio.
Defina metas claras para cada indicador
Um instrumento de painel sem uma “faixa verde” de operação segura não ajuda muito. Para cada KPI que você escolher acompanhar, defina uma meta clara. Por exemplo: “Nossa meta de margem de lucro para este trimestre é de 15% a 20%”. Isso transforma o número em um objetivo.
Crie uma rotina de checagem
Assim como um piloto tem um checklist rigoroso antes de cada voo, o bom gestor precisa de uma rotina. Reserve um tempo fixo, seja semanal ou mensal, para fazer seu “checklist financeiro”, analisando a evolução dos seus indicadores de desempenho e discutindo os resultados com a equipe.
A importância dos dashboards
A melhor forma de acompanhar seus KPIs financeiros é através de um dashboard. Pense nele como o painel de controle do seu cockpit, que reúne todos os mostradores importantes em uma única tela.
Um bom dashboard é visual, usa cores para indicar alertas (verde para metas atingidas, amarelo para atenção, vermelho para problemas) e mostra gráficos de tendências que permitem uma leitura rápida e intuitiva da performance.
Para quem quer começar a construir dashboards interativos a partir de planilhas, o Looker Studio (antigo Google Data Studio) é uma ferramenta gratuita e extremamente poderosa.
Leia também::: 5 estratégias de controle de custos para melhorar a rentabilidade empresarial
Melhore as finanças do seu negócio
Os indicadores financeiros são os instrumentos que permitem um voo empresarial seguro, estável e sempre na rota certa. Tentar gerenciar uma empresa ignorando esses sinais vitais é o mesmo que pilotar um avião em meio a uma tempestade contando apenas com a sorte, uma prática que, mais cedo ou mais tarde, leva ao desastre.
O acompanhamento disciplinado dos indicadores de desempenho transforma dados brutos, que muitas vezes estão perdidos em planilhas, em inteligência acionável. Isso permite que você, o piloto do negócio, gerencie com proatividade, antecipando turbulências, otimizando o uso de “combustível” (seu caixa) e ajustando a rota sempre que necessário para alcançar seus objetivos.
Entendemos que configurar este “painel de controle”, escolher os indicadores financeiros certos para o seu modelo de negócio e aprender a interpretar todos os sinais pode ser uma tarefa desafiadora.
A Multise Finance atua como o seu “co-piloto experiente”, que pode te ajudar a definir os KPIs mais importantes, construir dashboards inteligentes e, principalmente, traçar o plano de voo mais seguro e eficiente para um destino de sucesso e lucratividade.